De porte imponente como a águia, era a única ave existente de
sua espécie, não podendo, assim, reproduzir como as demais. O mito, por isso,
centrou-se em sua morte e renascimento.
Sentindo que o fim era eminente, Fênix reunia plantas
aromáticas, incenso, amomo e formava uma espécie de ninho. Os mitógrafos
introduziram duas versões a partir desse ponto.
Uns asseveram que ela mesma põe fogo em sua pira perfumada ou a
incendeia com seu próprio calor, renascendo das cinzas uma nova Fênix.
Outros são pouco mais prolixos. Deitando-se no ninho, deixa
cair sobre ele seu sêmen e morre.
Da semente depositada nasce a nova Fênix. Esta escolhe o
cadáver paterno e guarda-o num tronco oco de mirra. Transporta-o, em seguida,
para Heliópolis, onde é cremado sobre o altar de Ra, o Sol. Era a única
oportunidade em que ela visitava o Egito, o que acontecia a cada quinhentos
anos, como se frisou.
Sua chegada a Heliópolis era triunfal. Sobrevoava
majestosamente a cidade , escoltada por um bando de aves, que lhe prestavam
homenagem. Pairava sobre o alto do Deus Ra e aguardava a aproximação de um
sacerdote, que a comparava com a pintura existente nos livros sagrados e só
então o tronco de mirra era solenemente cremado.
Terminada a cerimônia, a nova Fênix retornava a Etiópia, onde
se alimentava de pérolas de incenso até o cumprimento de um novo ciclo de morte
e renascimento.
Os astrólogos relacionaram o ciclo cronológico de Fênix com a
grande revolução sideral, que se repetia a cada renascimento da ave aurirrubra
da Etiópia.
Símbolo da regeneração e da vida, Fênix é a montaria dos
imortais. Tradução de um desejo inconteste de sobrevivência e de ressurreição, a
mais bela das aves é o triunfo da vida sobre a morte.
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